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A Lenda da Vitória Régia

Numa noite, um forte vendaval fazia bailar as folhas, entortar os caules, o vento cantava na floresta, quando um raio derrubou uma grande seringueira.

Nascia naquele momento na aldeia um curumim. A luz azul do raio foi a primeira luz que aqueles olhinhos pequeninos enxergaram.

O cacique, ao ver a árvore tombada, disse: “Esse curumim nascido numa noite de tempestade será forte e veloz como o raio e deverá cortar a seringueira, e com ela fazer um ubá, com que lutará e vencerá as águas dos rios”.

O curumim crescia forte e corajoso, enfrentava os perigos da mata, nada lhe abatia. Pescava, caçava, brincava com os outros curumins cortando cipós, caçando pequenos mamíferos. Até aos sete anos não tinha enfrentado as correntezas do rio.

Ficava tardes inteiras contemplando o rio e imaginando que as grandes e enormes folhas que boiavam nas águas poderiam lhe levar rio abaixo como uma grande canoa.

Um dia imaginou navegar numa delas. Com toda cautela subiu na grande folha, equilibrou-se, sentindo que a grande folha aguentava o seu peso. Fez dos seus braços pequenos remos e desceu rio abaixo.

O pequeno curumim navegava no seu barco vegetal até chegar numa enseada onde avistou sua mãe e mães índias que acariciavam e banhavam seus filhinhos curumins recém-nascidos, embalando-os com canções que falavam da lua, da mãe d’água, das estrelas e das forças da natureza.

O curumim disse: ”Mãe, já tenho um barco, agora já tenho o meu Ubá, já posso pescar no rio”.

A mãe lhe disse: “Filho, aquilo é uma Uapê: é uma formosa índia que Tupã transformou em planta”.

“Como, mãe? Então não é meu barco? Você sempre me disse que eu teria o meu Ubá”...

“Meu filho, o seu Ubá você mesmo vai construir, vou lhe contar esse história”.

Um dia uma formosa índia chamada Naia apaixonou-se pela lua. Naia olhava para a lua e se sentia atraída por ela, Naia corria pelos campos querendo alcançá-la, quanto mais ela se aproximava mais a lua se distanciava. Uma noite, andando pelas matas em busca do luar, Naia viu a lua refletida na água do lago. A Lua estava lá tão bela, seu brilho era tão real, tão lindo, que Naia percebeu que era chagada a hora de abraçá-la. Naia jogou-se no lago e nunca mais ninguém soube dela. Tupã teve pena dela e a transformou nessa planta que floresce em todas as luas. Uapê só abre suas flores à noite para poder abraçar a lua que vem se refletir nas folhas aveludadas.

“Filho, o Uapê tem seu destino, não queira transformá-la em barco, você já é um índio forte e valente, pega seu machado, corta a seringueira caída perto da aldeia; ela é sua, caiu no dia em que você nasceu. Vai filho, constrói seu próprio Ubá”.

– “Deixa em paz a flor das águas”.

Essa é a história da Vitória Régia, a flor das águas também chamada de Uapê ou Iapunaque-Uapê, a maior flor do mundo.

Você Sabia?

Queridos Professores: As lendas indígenas são vinculadas à explicação dos fenômenos da natureza, do universo, das plantas e dos animais, e das relações entre os elementos da terra e da sua cultura. Por intermédio da contação das lendas, é passado de geração em geração o entendimento de homem, de mundo e do sagrado. Falam da relação entre a natureza e os índios. Em geral, são contados pelos anciões às crianças.

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