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Índios, Quem Eram e Quem São? Os Primeiros Brasileiros.

Meninos e meninas de olhinhos amendoados e negros, cabelos muito escuros, longos e lisos, corpinhos fortes e desenvolvidos, rostinhos redondos de maçãs salientes, acostumados a brincarem, observarem o dia, verem o sol e a lua nascerem.

Era costume, ao nascer, que seus narizes fossem achatados pelo dedo polegar do pai; depois furavam seus lábios. Se fosse menino, era pintado de preto e vermelho, e ao lado da rede onde era colocado, botavam um pequeno arco e um pequeno tacape para que crescesse forte e valente. Seus primeiros brinquedos eram chocalhos de sementes, ossinhos de animais e bonecas de folhas secas.

De pequenos descobrem a importância e o gosto pela vida em grupo. Banham-se nos rios, refrescando seus corpos morenos e nus. Saltam das suas margens, ensinam uns aos outros a nadarem, pularem e mergulharem. Convivem com os animais e aprendem a respeitá-los desde muito cedo. Experimentando sensações, vão desenvolvendo suas habilidades para a vida e percebem a música da floresta, o farfalhar das folhas, o canto dos ventos, trovões, relâmpagos, da chuva nas folhas, o canto dos passarinhos, os urros e os grunhidos dos animais.

Os índios adultos e crianças participavam de tudo conjuntamente, não havendo separação de tarefas: a hora de brincar, a hora de rezar, a hora de comer, a hora de pescar, fazer cerâmica... Tudo era partilhado e essa é até hoje a forma indígena de organização. Os índios plantam juntos, beneficiam a mandioca, fazem a farinha, pescam e tomam muito banho de rio; brincam, cantam, constroem seus instrumentos musicais de troncos de árvores (tambores), cabaças, maracás; de ossos e bambus fazem suas flautas, dançam o Toré, o Anu e o Tatu; curam doenças com folhas, infusões e chás, e celebram seus Deuses. Como iguais inseridos no mundo adulto, os curumins, como são chamados a participar da vida, cuidam uns dos outros. Os pequeninos aprendem com os maiores o dia-a-dia da tribo e, com os índios adultos, a serem verdadeiramente índios.

As crianças indígenas não pertencem somente aos seus pais; elas são de todos, são considerados patrimônio da tribo e continuação na terra dos povos indígenas. Portanto, todos são responsáveis por eles, os adultos e os idosos ensinam seus valores, seus saberes, suas habilidades, através da participação infantil na vida da comunidade. Ao entardecer os idosos cantam seus cantos sagrados, ensinam suas regras de vida em sociedade e fazem isso contando lendas cheias de mitos e mistérios, medos e desafios para serem exorcizados e vencidos, “fortalecendo a alma do curumim”.

Até hoje domesticam animais de pequeno porte como, por exemplo, porco do mato, macacos, araras, papagaios, aves em geral e, principalmente, passarinhos, capivaras, caititus, pacas, porquinhos do mato etc.

Não conheciam o cavalo, o boi e a galinha quando os portugueses chegaram. Pero Vaz Caminha escreve para o Rei de Portugal quando aqui chegou dizendo que os índios se espantaram ao entrar em contato pela primeira vez com uma galinha. Entre eles, os cachorros são animais de caça.

Constroem seus próprios brinquedos de barro ou argila. São panelinhas, ocas, bonecas, bichinhos, que vão servir para brincarem do dia-a-dia da oca. Com fibras fazem suas cordas, seus cordões, suas linhas, que vão construir brinquedos como cabo de guerra, jogos de cordas, barandões, cama de gato. Com sementes, frutas e gravetos fazem seus animais, bate-bate e ioiôs. Com cabaças constroem seus piões. Com bexigas de porco fazem suas bolas. Com penas e papos de passarinhos fazem suas petecas.

Quando o tempo é de sol brincam de esconde-esconde e de pegar, de explorar a floresta, de construir brinquedos de ossos, gravetos, cipós; quando é de chuva, manipulam a lama fazendo brinquedos de argila e brincando na água de pular poças. A principal característica da brincadeira indígena é a liberdade, a igualdade e a participação, que dá a forma prazerosa e própria de grupos que utilizam o próprio corpo e matérias da natureza na construção dos seus brinquedos e brincadeiras.

Morando em grandes Ocas – assim são chamadas suas casa – várias famílias convivem. Tarefas domésticas, como lavar as cuias e enxotar as galinhas, sempre viram brincadeiras. Ralar mandioca, espremer a massa, catar gravetos para acender o fogo também acabam sendo tarefas dos pequenos índios que acompanham suas mães.

Vivendo da caça e da pesca, plantando milho, amendoim, feijão, abóbora, bata-doce e, principalmente, mandioca. Esta agricultura praticada de forma bem rudimentar, praticando a coivara, queimando mato e plantando sementes, os índios aprendem e ensinam a convivência respeitosa e pacífica com a natureza, só usando o essencial para manutenção da vida da tribo. Não utilizavam nem sal nem açúcar, sentindo o gosto natural do alimento.

Você Sabia?

Por Nairzinha

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