Aninha e o Príncipe
Era uma vez uma moça muito bonita, que se chamava Aninha. Era tão bonita, que a fama de sua beleza se espalhara por toda parte. Todos os rapazes que a viam se apaixonavam por ela, inclusive um príncipe, filho de um rei poderoso, que tinha muitas terras, muitos vassalos, muitas riquezas.
Aninha, porém, era filha de camponeses, que, por serem pobres, não queriam dar a filha em casamento a um príncipe. Este, então, resolveu roubar a moça para se casar. E um dia, fingindo-se de cego e mendigo, foi pedir esmola na casa dos pais de Aninha, assim cantando:
I. (Cego)
Eu vos salvo e peço
Uma esmola, Aninha
Pelo amor de Deus
Me ensine o caminho.
II. (Pai)
Se ele chora e pede
Dê-lhe pão e vinho
Diga a Aninha
Que lhe ensine o caminho.
III. (Cego)
Eu não quero pão
Eu não quero vinho
Eu só quero, Aninha
Que me ensine o caminho.
Então, Aninha vai guiando o cego pela estrada afora. A certa altura do caminho, e já estando a anoitecer, a moça canta, e o cego responde:
IV. (Aninha):
Passe pra adiante, cego
(Cego): Passe pra adiante, Aninha
(Aninha): Passe pra adiante, cego.
Siga o seu caminho.
V. (Aninha):
Passe pra adiante, cego
(Cego): Passe pra adiante, Aninha.
Eu sou um pobre cego.
Não enxergo o caminho.
O cego insiste em não passar adiante, e Aninha continua a cantar:
VI. (Aninha):
Já larguei a roca
Já larguei meu linho
Passe pra adiante, cego
Siga o seu caminho.
O cego continua sempre atrás de Aninha. Chegados a uma curva do caminho, encontram os vassalos do rei, com uma carruagem toda dourada, esperando por eles. Agarram Aninha e botam-na dentro da carruagem. No mesmo momento, o príncipe tira as vestes de mendigo e canta:
VII. (Cego):
Se me fiz de cego
Foi porque queria
Sou filho do rei
Tenho bizarria.
Quando a carruagem começa a andar, Aninha chorando canta:
VIII. (Aninha):
Adeus, minhas casas
Adeus, minhas moças
Digam a mamãe
Que me vou a força.
O príncipe e seus vassalos levaram Aninha para o castelo do rei, pai do príncipe, o qual já estava preparado para o casamento. Havia muitas flores, muitos doces, muitos convidados. Eles se casaram, e foram muito felizes. E o que foi de vidro quebrou-se, o que foi de papel molhou-se. E entrou por uma porta, saiu pela outra, o rei meu senhor que lhe conte outra.
Você Sabia?
Essa história faz parte do acervo de Esther Pedreira de Cerqueira.