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A Brincadeira Como Cultura de Humanidade


Os jogos e brincadeiras têm como função a socialização dos grupos, pelo estreitamento dos vínculos entre as pessoas. As crianças até muito recentemente não dispunham de um tempo e de um espaço exclusivo para brincar. As crianças compartilhavam das mesmas atividades lúdicas dos adultos, pois não existia essa separação tão rígida entre mundo adulto e mundo da criança, entre trabalho e lazer, como temos agora, na era da produção capitalista. O tempo de produzir e o tempo do ócio e do prazer se entremeavam. Vemos que o lugar e a função dos jogos se modificam muito, conforme o processo histórico da sociedade.

Brincar é a primeira forma de participar e de produzir cultura. Nas brincadeiras, a criança se expressa, vive sua cultura e a reproduz. Ao brincar, ela dialoga com a sociedade e com o outro, representando as funções dos diferentes papéis sociais do mundo adulto. Ela vai se apropriando de sua cultura e das relações sociais de forma ativa, transformando, recriando, experimentando.

Até os cinco anos, jogos e brincadeiras são a atividade principal da criança. Ela brinca com seu próprio corpo, com sua roupa, com o corpo da(o) cuidadora e, sobretudo após os três anos, brinca com os significados. A escola soviética, conhecida como psicologia histórico-cultural, liderada pelo psicólogo bielo-russo Vygotsky (1896-1934), defende que o jogo é a principal zona de desenvolvimento da infância, portanto determinante na evolução psíquica da criança. Cada etapa de desenvolvimento está ligada a uma modalidade de jogo, do bebê ao adulto. Assim, promover oportunidades de brincar, em todas as idades, é assegurar um desenvolvimento saudável e a plena realização das potencialidades das pessoas.

No jogo, a criança experimenta as possibilidades de ação que a cultura exige, mas sem ter ainda as plenas condições para tal. Ela não pode dar aulas, dirigir um caminhão ou pilotar um avião; não tem as condições físicas e cognitivas para tal, mas no jogo ela faz tudo isso. A criança vivencia profunda ansiedade quando se depara com a morte, a violência ou o adoecimento, mas no jogo ela pode sair da passividade perante esses acontecimentos da vida e, de alguma forma, assumir maior controle sobre eles (cuidando de uma boneca doente ou de um irmãozinho). Jogos e brincadeiras são determinantes não apenas do aprendizado dos conteúdos escolares, como aprender ciência, matemática ou português, mas principalmente para a formação da personalidade.

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